Suspiro

Saudades da ilusão.

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Coisa boa

“Coisa boa é selinho roubado. É declaração em guardanapo de bar ou escrita de batom no espelho do banheiro. É carta de amor enviada pelo correio.

Coisa boa é checar o e-mail no meio de uma viagem e um turbilhão de poemas despencar da caixa postal. É receber torpedo falando da lua ou simplesmente dizendo que está com saudade.

Coisa boa é ganhar flores e presentes sem motivo, é manhã roubada para fazer amor, é almoço estendido num dia qualquer. Coisa boa é convite para dançar Cartola juntinho à tarde na varanda de casa, ou Tony Bennett no meio da sala, com os corpos nus, vinho verde, uvas e macadâmia.

Coisa boa é ler García Márquez, ou ganhar um livro só porque o conto é bom e merece ser compartilhado. É assistir o filme preferido no sofá de casa, em dia frio, debaixo do edredom.

Coisa boa é o cantarolar dele para fazê-la dormir. É ele falar que “adora mulher com olheira” só para arrancar um sorriso no rosto dela. Coisa boa é pegar estrada junto, ouvindo música, proseando, sonhando, contemplando e silenciando.

Coisa boa é pé com pé. É “xêro” no cangote. É massagem e cafuné.

Coisa boa é o encaixe perfeito dos corpos na hora de dormir. É ouvi-lo repetir que ela só gosta dele porque ele é quentinho. É o sono compartilhado. É quando o ronco dele vira sinfonia.

Coisa boa é cozinhar para ele bebericando um bom vinho em meio a temperos, cheiros, beijos e conversa de cozinha.

Coisa boa é o olhar safado dele que não consegue disfarçar o desejo ao vê-la depois do banho. É ele dançar engraçado nas festas só para provocar gargalhadas nela. É jantar a luz de velas. É passar horas num bom boteco bebendo o melhor chopp e devaneando sobre a vida.

Coisa boa é trepar num pardieiro qualquer enquanto uma tempestade domina o centro da cidade. É ouvi-lo repetir que ela é melhor que a encomenda, o melhor sexo, e o melhor dos recomeços. Coisa boa é quando ela não tem dúvida da veracidade disso.

Coisa boa é quando ele invade o banho só para esfregar as costas dela e fala pela milésima vez o quanto aquele corpo é anatomicamente perfeito para o sexo. Coisa boa é secar as costas dele depois do banho. É o encantamento dele pela cor dos olhos dela. É a boca ressecada depois de fazer amor.

Coisa boa é chorar de alegria. É ele pedindo pra ela não abandoná-lo. É não abandoná-lo e ver que valeu à pena. Coisa boa é ela poder pedir o mesmo e saber que ele também não vai deixá-la.

É ir ao cinema até para a estréia de Duro de Matar. É beijo de parede. E de café duplo, depois do almoço, sem adoçante. Coisa boa é quando ele confessa que chorou, por amor, pela primeira vez.

Coisa boa é futebol de botão com o time dos sonhos. É ter escova de dente na casa do outro. É desfilar com a velha camiseta dele antes de dormir. É ficar agarradinha com ele no sofá, no domingo à noite, assistindo programas de futebol, mesmo torcendo para times rivais.

Coisa boa é ser acordada com café da manhã na cama em plena segunda-feira. É banana amassada com aveia preparada por ele no café da manhã. É o pingado com pão na chapa da padaria da esquina de casa. É ir à feira de mão dada só para comer pastel com garapa.

É pensar em coisas boas, é ter sonhos. É não planejar nada e dar tudo certo.

Coisa boa é não precisar fazer tipo. É ser aceito e gostado pelo que realmente é. É agir com naturalidade. É ser admirado. É não ter medo de choque. É acreditar no que o outro diz e entregar-se por inteiro.

Coisa boa é coisa simples. É o respeito às diferenças e o zelo as pequenices. Coisa boa é verbalizar o que incomoda na tentativa de acertar.

Coisa boa é simplesmente acreditar que valeu a pena, que vale e valerá.”

(http://adisparatada.blogspot.com/)

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Vida nova

 

 

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Idéias em trânsito

“Não é por outra razão que estou aqui tentando colocar ordem nessas idéias que vivem em trânsito. Não chego a temer a loucura, no fundo a gente sabe que ninguém é muito certo. Eu tenho medo é da lucidez. Tenho medo dessa busca desenfreada pela verdade, pelas respostas. Eu me esgoto tentando morder meu próprio rabo. Quando estou acostumando com uma versão de mim mesma, surge outra, cheia de enigmas, e vou atrás dela. Tem gente que elege uma única versão de si próprio e não olha mais para dentro. Esses é que são os lunáticos. Eu, ao contrário, quase não olho para fora.”

[Martha Medeiros]

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Eu ri

Se existe alguém que pode falar o que vou falar para você, sou eu. Então, por favor, tenha a humildade de admitir que sei o que estou falando. Pois o que eu te direi é duro, mas poderá te fazer um bem enorme.

Chega. Chega de se comportar assim. Como se estivesse lutando pelo posto de rainha da bateria. De Miss Maravilha do Mundo. Basta de ataques, dessa competitividade suburbana eu sou a melhor, eu sou a mais alta, eu sou a mais gostosa do pedaço. Ninguém tá ligando a mínima se você corre 10 quilômetros ou se aplicou Botox nessa sua testa sem expressão. Ou se você é assim porque ainda não passa de uma menininha que quer ser mais perfeita do que a mãe, conquistar o amor do pai e ser a primeira da classe.

Esse teu afã psicopata de vencer todas as paradas só te deixa ridícula. E me faz querer usar um termo que odeio: coisa de mulherzinha. Mulherzinha é que tem essa mania de estar sempre desconfiada das amigas, porque todas teriam inveja do seu corpão e do seu cabelão estilo falso-loiro-natural-cinco-tons.

Lamento informar, querida, que ninguém sente inveja de você. Por isso, chega de dizer por aí que, para não atrair olho grande, é bom ficar de bico fechado sobre a tal possível promoção que você terá no trabalho. Relaxa, ninguém está a fim de ser você.

Tente, portanto, ser você com mais leveza. E lembre-se: esse negócio de dizer que não se pode confiar em mulheres só comprova que você é uma pessoa maliciosa. Sendo que isso está longe de ser porque você é fêmea.

Quando vejo você tagarelando sobre seus feitos sexuais, sinto-me num filme ruim sobre ginasianas americanas. Todas fanhas e excitadas. Chega, tá? De azucrinar os outros com essa sua boca-genital lambuzada de gloss, cuspindo baixos-clichês, simulando uma modernidade que você não tem.

Nunca mais caia no ridículo de fazer “sexo casual” com nenhum tipo de homem, mais velho ou mais novo, casado ou solteiro, porque todo mundo já sabe que você finge tudo. Que goza, que não se sente fácil, que não liga quando os caras não telefonam no dia seguinte. Seja honesta uma vez na vida: confesse. Que você não é nada tão wild quanto se vende. Que não sabe falar tão bem inglês assim. Que fez escova progressiva. Que tem dermatite. E enfim você terá alguma paz, pois se reconhece humana, e não a barbie boba que você procura ser.

Acredite: idiotice só te faz charmosa para os cafajestes. Se continuar assim, nunca vai aparecer aquele cara bacana que você gostaria que aparecesse; para lutar por você, até te conquistar, e destruir essa tua linda silhueta com uma gestação de 15 quilos.

É triste, amiga Mulherzinha, mas você terá que abrir mão da máscara de rímel que cobre a sua verdade.

 

[Fernanda Young]

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Virando a página

Sabe quando o dia do basta chega e aqui dentro a gente escuta aquele grito de quem não aguenta mais?

Eu sou determinada e essa é uma das minhas características mais fortes. Então só Deus sabe o quanto não é fácil pra mim decidir que é horar de desistir.

Não adianta, nem sempre insistir e tentar de novo e de novo vai levar a gente para algum lugar interessante. As vezes a gente acaba sempre no mesmo lugar. Girando em torno do mesmo ponto entre os pés.

Já estou tonta de tanto girar. Preciso sair de um círculo, abrir as portas para o novo, fechar o livro e começar outro novinho em folha.

Eu sei que não sou mais nenhuma adolescente. Mas se tem uma coisa que aprendi bem com a minha mãe é que idade não impede ninguém de ir aonde quiser. É sempre tempo de recomeçar.

Só não vale ficar parado. Enquanto estamos andando em busca de novos caminhos estamos evoluindo de alguma forma.

Talvez a minha determinação esteja mais focada em ser feliz do que em qualquer outra coisa. Por isso abrir mão de um caminho e trocar de rota possa ser mais um passo a frente do que me manter onde estava insistindo numa mesma direção.

O que tem nesse caminho novo eu não faço a menor idéia. Mas é pra lá que eu vou.

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E chove…

“…O dia já acordou grafite e dias tão molhados me dão uma certa inspiração. Uma inspiração perto da tristeza, porque são nesses dias que chovem que o que nos faz mais falta pega nosso coração e aperta, aperta tanto até que tudo que a gente lembra vai saindo para fora e se pintando nas paredes do quarto. E então, ver o que se sente dói bem mais. Porque a dor e as coisas que se sente tem rosto, tem voz, tem cheiro, e principalmente tem uma parte da gente que nunca mais vai voltar.” (Cah Morandi)

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Feliz sem noção.

Viva Clarice (Lispector)!!!

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Desejos de ano novo

“No ano novo, bem mais do que nos outros, quero alimentar o meu coração com mais daquilo que eu sei que ele gosta e é capaz de nutri-lo. Quero escolher com todo amor os ingredientes de cada refeição. Cozinhar mais vezes para ele. Usar os temperos que mais aprecia. Dedicar um tempo maior para preparar a mesa. E, depois de servi-lo, desfrutar a delícia de vê-lo saborear o que preparei. Curtir o conforto de me saber responsável pelo seu contentamento. Aquele gostinho bom do “fui eu que fiz pra você”.

No ano novo, bem mais do que nos outros, quero ter mais gentileza com os meus sentimentos. Com todos eles, sem exceção. Quero ter mais habilidade para ouvir o que têm pra me contar, sem tentar abafar a voz daqueles que podem me trazer desconforto. Quero deixar que se expressem, exatamente com a cara que têm. Que me façam surpresas. Que me apontem as mudanças que já aconteceram e me falem sobre aquelas que pedem para acontecer. Quero que me mostrem as regiões ainda feridas em mim que precisam de olhar, de cura ou de perdão. Não quero sentimento acuado, amordaçado, varrido pra debaixo do tapete. Quero ser a melhor confidente de cada um.

No ano novo, bem mais do que nos outros, quero ter mais cuidado com os sentimentos alheios. Mais compaixão. Mais empatia. Mais tolerância. Suspender o julgamento. Trocar a crítica pelo respeito. Parar de achar que eu faria diferente, que eu diria diferente, quando não é a minha vida que está na berlinda. Quero lembrar mais vezes o quanto nos exige cada superação, cada avanço, cada conquista, cada descoberta das chaves capazes de abrir os cárceres que inventamos para nós. Quero lembrar mais vezes do quanto eu falho, mesmo quando quero acertar. Do quanto eu ainda me atrapalho comigo. Do quanto preciso ser generosa com a minha trajetória a cada novo projeto anunciado pela minha alma. A cada nova tentativa. A cada novo tropeço.

No ano novo, quero me encantar mais vezes. Admirar mais vezes. Compartilhar mais amor. Dançar com a vida com mais leveza, sem medo de pisarmos nos pés uma da outra. Quero fazer o meu coração arrepiar mais frequentemente de ternura diante de cada beleza revista ou inaugurada. Quero sair por aí de mãos dadas com a criança que me habita, sem tanta pressa. Brincar com ela mais amiúde. Fazer arte. Aprender com Deus a desenhar coisas bonitas no mundo. Colorir a minha vida com os tons mais contentes da minha caixa de lápis de cor. Devolver um brilho maior aos olhos, aos dias, aos sonhos, mesmo àqueles muito antigos, que, apesar do tempo, souberam conservar o seu viço. Quero sintonizar a minha frequência com a música da delicadeza. Do entusiasmo. Da fé. Da generosidade. Das trocas afetivas. Das alegrias que começam a florir dentro da gente.

No ano novo, bem mais do que nos outros, quero ter atenção com relação ao que sinto, ao que vejo, ao que propago. Mais cuidado para não me intoxicar com os apelos do medo e do pessimismo, tão divulgados nesses nossos tempos. Usufruir mais a sábia isenção que nos permite continuar a ver o melhor para a nossa vida e para a vida de todos os seres, apesar de. Não me importa se eu olhar na contramão: quero ter a coragem de sustentar a minha crença de que o amor, a paz, a luz, hão de prevalecer na Terra, e, enquanto isso não acontecer, quero dirigir também a minha energia ao propósito de que prevaleçam em mim.

No ano novo, bem mais do que nos outros, eu quero me sentir feliz. Uma felicidade que não está condicionada à realização das coisas que, particularmente, anseio para mim. Para a minha história nesse mundo. Para essa personagem que eu visto. Quero, antes de qualquer outra razão, me sentir feliz por encontrar descanso e contentamento no meu coração. Por tocar com o sentimento a preciosidade da vida. Por saber que existem coisas para eu realizar enquanto estou por aqui. Por acreditar que a maior proposta da idéia humana é a felicidade. Não importa quantas nuvens eu possa ter que dissipar no ano que começa: gente, por natureza, é sol, e eu quero viver esse lume.”

 

(Ana Jácomo)

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De volta em 2010

Puxa, fazia tempo que eu não vinha aqui.

Foi muita coisa ao mesmo tempo. Uma sede de terminar logo com ano que passou. Foi muito difícil pra mim.

Muitas mudanças.

Terapia, pilates, ioga, reforma no apto, alteração de contrato, atritos, reconciliações, síndrome do pânico, perda de um amigo querido, crises, cachorrinho novo no pedaço com cinomose, viagens, mudança, festas de final de ano…ufa! chega!!!

Agora é um novo tempo, outro momento, um novo ano, bem mais feliz!!!

Uma tela em branco onde não vou economizar nas cores.

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça”

(Ivan Lins)

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