Archive for fevereiro, 2010

Idéias em trânsito

“Não é por outra razão que estou aqui tentando colocar ordem nessas idéias que vivem em trânsito. Não chego a temer a loucura, no fundo a gente sabe que ninguém é muito certo. Eu tenho medo é da lucidez. Tenho medo dessa busca desenfreada pela verdade, pelas respostas. Eu me esgoto tentando morder meu próprio rabo. Quando estou acostumando com uma versão de mim mesma, surge outra, cheia de enigmas, e vou atrás dela. Tem gente que elege uma única versão de si próprio e não olha mais para dentro. Esses é que são os lunáticos. Eu, ao contrário, quase não olho para fora.”

[Martha Medeiros]

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Eu ri

Se existe alguém que pode falar o que vou falar para você, sou eu. Então, por favor, tenha a humildade de admitir que sei o que estou falando. Pois o que eu te direi é duro, mas poderá te fazer um bem enorme.

Chega. Chega de se comportar assim. Como se estivesse lutando pelo posto de rainha da bateria. De Miss Maravilha do Mundo. Basta de ataques, dessa competitividade suburbana eu sou a melhor, eu sou a mais alta, eu sou a mais gostosa do pedaço. Ninguém tá ligando a mínima se você corre 10 quilômetros ou se aplicou Botox nessa sua testa sem expressão. Ou se você é assim porque ainda não passa de uma menininha que quer ser mais perfeita do que a mãe, conquistar o amor do pai e ser a primeira da classe.

Esse teu afã psicopata de vencer todas as paradas só te deixa ridícula. E me faz querer usar um termo que odeio: coisa de mulherzinha. Mulherzinha é que tem essa mania de estar sempre desconfiada das amigas, porque todas teriam inveja do seu corpão e do seu cabelão estilo falso-loiro-natural-cinco-tons.

Lamento informar, querida, que ninguém sente inveja de você. Por isso, chega de dizer por aí que, para não atrair olho grande, é bom ficar de bico fechado sobre a tal possível promoção que você terá no trabalho. Relaxa, ninguém está a fim de ser você.

Tente, portanto, ser você com mais leveza. E lembre-se: esse negócio de dizer que não se pode confiar em mulheres só comprova que você é uma pessoa maliciosa. Sendo que isso está longe de ser porque você é fêmea.

Quando vejo você tagarelando sobre seus feitos sexuais, sinto-me num filme ruim sobre ginasianas americanas. Todas fanhas e excitadas. Chega, tá? De azucrinar os outros com essa sua boca-genital lambuzada de gloss, cuspindo baixos-clichês, simulando uma modernidade que você não tem.

Nunca mais caia no ridículo de fazer “sexo casual” com nenhum tipo de homem, mais velho ou mais novo, casado ou solteiro, porque todo mundo já sabe que você finge tudo. Que goza, que não se sente fácil, que não liga quando os caras não telefonam no dia seguinte. Seja honesta uma vez na vida: confesse. Que você não é nada tão wild quanto se vende. Que não sabe falar tão bem inglês assim. Que fez escova progressiva. Que tem dermatite. E enfim você terá alguma paz, pois se reconhece humana, e não a barbie boba que você procura ser.

Acredite: idiotice só te faz charmosa para os cafajestes. Se continuar assim, nunca vai aparecer aquele cara bacana que você gostaria que aparecesse; para lutar por você, até te conquistar, e destruir essa tua linda silhueta com uma gestação de 15 quilos.

É triste, amiga Mulherzinha, mas você terá que abrir mão da máscara de rímel que cobre a sua verdade.

 

[Fernanda Young]

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Virando a página

Sabe quando o dia do basta chega e aqui dentro a gente escuta aquele grito de quem não aguenta mais?

Eu sou determinada e essa é uma das minhas características mais fortes. Então só Deus sabe o quanto não é fácil pra mim decidir que é horar de desistir.

Não adianta, nem sempre insistir e tentar de novo e de novo vai levar a gente para algum lugar interessante. As vezes a gente acaba sempre no mesmo lugar. Girando em torno do mesmo ponto entre os pés.

Já estou tonta de tanto girar. Preciso sair de um círculo, abrir as portas para o novo, fechar o livro e começar outro novinho em folha.

Eu sei que não sou mais nenhuma adolescente. Mas se tem uma coisa que aprendi bem com a minha mãe é que idade não impede ninguém de ir aonde quiser. É sempre tempo de recomeçar.

Só não vale ficar parado. Enquanto estamos andando em busca de novos caminhos estamos evoluindo de alguma forma.

Talvez a minha determinação esteja mais focada em ser feliz do que em qualquer outra coisa. Por isso abrir mão de um caminho e trocar de rota possa ser mais um passo a frente do que me manter onde estava insistindo numa mesma direção.

O que tem nesse caminho novo eu não faço a menor idéia. Mas é pra lá que eu vou.

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